DESIGUALDADES REGIONAIS NAS INTERNAÇÕES POR ASMA EM ADOLESCENTES NAS MACRORREGIÕES DO BRASIL (2015–2024)
Palavras-chave:
Asma, Internações hospitalares, Desigualdade regionalResumo
Introdução: A asma é uma das principais causas de morbidade respiratória em adolescentes, sendo responsável por internações evitáveis e sobrecarga ao sistema de saúde. No Brasil, diferenças regionais de acesso e manejo podem influenciar o padrão dessas internações. A análise de séries temporais e desigualdades regionais fornece subsídios para políticas públicas direcionadas. Objetivo: Analisar quantitativamente as desigualdades regionais e a tendência temporal das internações por asma de adolescentes de 10 a 19 anos no Brasil e suas macrorregiões entre 2015 e 2024. Metodologia: Foram coletados em julho de 2024, pelo DataSUS, o número de internações em adolescentes de 10 a 19 anos com diagnóstico principal de asma (CID-10: J45), ocorridas entre janeiro de 2015 e dezembro de 2024 comparando macrorregiões do Brasil. Além disso, a partir das estimativas populacionais do IBGE, foram calculadas as taxas de internação a cada 100.000 habitantes da população residente em cada macrorregião de 2015 a 2024. Resultados: Entre 2015-2024 ocorreram 79053 internações por asma: 8502 (11%) Norte (N), 35304 (45%) Nordeste (NE), 19413 (25%) Sudeste (SE), 10679 (13%) Sul (S) e 5155 (6%) Centro-Oeste (CO). A taxa média nacional foi 25,35/100.000 habitantes, com médias de 25,40 (N), 38,51 (NE), 16,19 (SE), 25,77 (S) e 20,91 (CO). Em valores anuais: 2015: 10421 internações (N 1072/10%, NE 5353/52%, SE 1904/18%, S 1494/14%, CO 598/6), taxa 31,51 (N 31,1; NE 54,9; SE 14,7; S 33,8; CO 23,5). 2016: 8951 (N 1139/13%, NE 4465/50%, SE 1634/18%, S 1205/13%, CO 508/6), taxa 27,4 (N 33,1; NE 46,4; SE 12,8; S 27,7; CO 20,0). 2017: 9167 (N 1091/12%, NE 4566/50%, SE 1734/19%, S 1232/13%, CO 544/6), taxa 28,4 (N 31,9; NE 48,2; SE 13,8; S 28,8; CO 21,7). 2018: 8511 (N 1115/13%, NE 4037/48%, SE 1817/21%, S 1043/12%, CO 499/6), taxa 26,8 (N 32,8; NE 43,2; SE 14,7; S 24,9; CO 20,0). 2019: 7220 (N 851/12%, NE 3351/46%, SE 1531/21%, S 944/13%, CO 543/8), taxa 23,1 (N 25,3; NE 36,5; SE 12,6; S 22,9; CO 22,0). 2020: 5270 (N 584/11%, NE 2256/43%, SE 1485/28%, S 576/11%, CO 369/7), taxa 17,1 (N 17,5; NE 25,0; SE 12,4; S 14,1; CO 15,1). 2021: 4889 (N 510/11%, NE 2018/41%, SE 1520/31%, S 552/11%, CO 289/6), taxa 16,1 (N 15,5; NE 22,7; SE 12,9; S 13,7; CO 11,8). 2022: 7494 (N 626/8%, NE 2834/38%, SE 2369/32%, S 1123/15%, CO 542/7), taxa 24,9 (N 19,2; NE 32,4; SE 20,4; S 28,1; CO 22,4). 2023: 9139 (N 787/8%, NE 3380/37%, SE 2901/32%, S 1373/15%, CO 698/8), taxa 30,7 (N 24,4; NE 39,3; SE 25,2; S 34,6; CO 28,9). 2024: 7991 (N 727/9%, NE 3044/38%, SE 2518/32%, S 1137/14%, CO 565/7), taxa 27,1 (N 22,7; NE 36,0; SE 21,9; S 28,6; CO 23,3). Conclusão: Observou-se heterogeneidade regional marcante nas internações por asma em adolescentes no Brasil. O Nordeste concentrou a maior carga absoluta e proporcional de hospitalizações, enquanto o Sudeste apresentou as menores taxas, sugerindo diferenças na efetividade do manejo inicial da asma e condições socioeconômicas regionais. O Sul e o Norte exibiram taxas médias semelhantes, mas com flutuações distintas. A queda acentuada em 2020–2021 coincide com a pandemia de COVID-19, quando houve menor procura por serviços de urgência. O aumento posterior em 2022–2023 sugere retomada da demanda reprimida e possível relaxamento das medidas preventivas. Esses achados evidenciam desigualdades persistentes entre as macrorregiões e reforçam a necessidade de estratégias regionais direcionadas para reduzir hospitalizações evitáveis, diminuir custos das internações do SUS e melhorar a qualidade de vida dos adolescentes com asma.


