ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NO PERÍODO DE 2018 A 2024
Palavras-chave:
Incidência, Tuberculose, Perfil epidemiológico, Rio de JaneiroResumo
Introdução: A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos e sistemas. Sua transmissão ocorre pela via aérea, através da inalação de partículas aerossóis, saliva ou gotículas expelidas por indivíduos portadores de TB ativa, tornando a doença altamente contagiosa. Clinicamente, a TB pulmonar manifesta-se por tosse persistente, febre, sudorese noturna, perda de peso e fadiga progressiva. No Brasil, apesar dos avanços diagnósticos e terapêuticos, a doença mantém alta incidência e continua sendo um desafio de saúde pública, apresentando alta incidência em populações, sobretudo, com elevada vulnerabilidade social. O Estado do Rio de Janeiro apresenta taxas significativamente superiores à média nacional, refletindo desigualdades sociais, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e fatores sociodemográficos, incluindo sexo, idade, raça e escolaridade. A compreensão do perfil epidemiológico da TB é fundamental para identificar grupos mais vulneráveis, subsidiar estratégias de prevenção e controle e reduzir a morbimortalidade associada à doença. Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico dos casos confirmados de tuberculose no estado do Rio de Janeiro, notificados entre 2018 e 2024. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, transversal, de casos confirmados de tuberculose no estado do Rio de Janeiro, realizado com os dados registrados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), via DATASUS. Foram incluídos todos os casos notificados no período de 2018 a 2024. As variáveis analisadas foram: faixa etária, sexo, raça/cor e escolaridade. Resultados: No período estudado, foram notificados 109.073 casos de tuberculose no estado do Rio de Janeiro. A maior parte ocorreu em indivíduos de 20 a 39 anos, com 53.790 casos (49,3%), seguida pelo grupo de 40 a 59 anos, com 30.807 casos (28,2%). Entre adolescentes de 15 a 19 anos, registraram-se 6.315 casos (5,7%), enquanto idosos de 60 a 64 anos somaram 5.563 casos (5,1%). Quanto à raça/cor, a maioria dos casos ocorreu em pardos (47.122), seguidos de brancos (26.860) e pretos (24.600), com menor frequência entre amarelos (887) e indígenas (151). Observou-se predomínio do sexo masculino, com 77.136 casos (70,7%), em comparação com 31.916 casos (29,3%) em mulheres. Em relação à escolaridade, a maior concentração de casos ocorreu entre indivíduos com ensino fundamental incompleto (33,3%), seguida de ensino médio completo (14,6%), ensino médio incompleto (9,6%), ensino fundamental completo (8,2%), ensino superior (4,8%) e analfabetos (2,3%). Essa distribuição reflete a associação da tuberculose com menor nível educacional, fator que pode impactar no acesso à informação, adesão ao tratamento e vulnerabilidade social. Conclusão: Os achados deste estudo confirmam que a tuberculose no estado do Rio de Janeiro está fortemente relacionada a determinantes sociais e comportamentais, afetando predominantemente homens jovens, de raça parda ou preta, e com baixa escolaridade. Esses dados reforçam a necessidade de políticas públicas direcionadas aos grupos mais vulneráveis, incluindo campanhas educativas, busca ativa de contactantes e sintomáticos, programas de incentivo à adesão ao tratamento e estratégias intersetoriais para reduzir desigualdades sociais. Torna-se imprescindível o monitoramento contínuo e análise integrada de fatores sociodemográficos e comportamentais, a fim de orientar intervenções mais efetivas.


