PERFIL DOS PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE HIPERTENSÃO PULMONAR DO SERVIÇO DE PNEUMOLOGIA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ)
Palavras-chave:
Hipertensão pulmonar, HP, Perfil, Etiologia, ClassificaçãoResumo
Introdução: A hipertensão pulmonar (HP) é uma condição heterogênea e progressiva, caracterizada por elevação sustentada da pressão arterial pulmonar, com impacto relevante na função do ventrículo direito e na sobrevida [1-5]. Sua etiologia é multifacetada e entre as formas mais prevalentes destacam-se a idiopática, associadas a doenças do tecido conjuntivo, cardiopatias congênitas e tromboembólica crônica [2,5]. Mapear a epidemiologia e compreender o perfil clínico em cenários reais contribui para maior acurácia diagnóstica, melhor estratificação de risco e escolhas terapêuticas assertivas [3,5-6]. Objetivo: Descrever o perfil demográfico, etiológico e clínico dos pacientes do ambulatório de HP da Disciplina de Pneumologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Metodologia: Estudo descritivo, retrospectivo, baseado na análise de prontuários dos pacientes acompanhados no ambulatório de HP da UERJ entre setembro de 2023 e julho de 2025. As variáveis a selecionadas para avaliação foram: sexo, idade, etiologia, grupo clínico, estratificação de risco no diagnóstico e terapia específica instituída. Variáveis categóricas foram apresentadas em frequências absolutas e relativas; a idade, como média, mediana, valores mínimo e máximo. Resultados: Foram identificados 130 pacientes. Após análise dos prontuários, foram excluídos da análise 15 pacientes por não terem confirmação diagnóstica de HP e 10 por perda de seguimento após avaliação inicial, resultando em 105 pacientes na amostra. Entre os 105 pacientes, 78 eram mulheres (74,3%) e 27 homens (25,7%). A idade variou de 25 a 90 anos (média 54,4; mediana 54,0). Foram identificadas 53 etiologias dentro dos 5 grupos de HP, com maior frequência de HP associada a doença do tecido conjuntivo (n=21), HP idiopática (n=15), e hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (n=12). A distribuição por grupos foi: grupo 1, 52 (49,5%); grupo 2, 11 (10,5%); grupo 3, 14 (13,3%); grupo 4, 12 (11,4%); grupo 5, 6 (5,7%); e ainda 10 casos (9,5%) em investigação. No diagnóstico, 15 (14,3%) estavam em baixo risco, 36 (34,3%) em risco intermediário e 14 (13,3%) em alto risco e 40 (38,1%) com risco desconhecido. Quanto à terapia específica, 30,5% (32) estavam em dupla, seguida de 25,7% (27) em monoterapia e 11,4% (12) em terapia tripla; 34 (32,4%) não utilizavam terapia específica. Discussão: Os achados deste estudo corroboram dados da literatura que apontam a predominância feminina em coortes de hipertensão pulmonar, especialmente na HAP idiopática e associada a doenças do tecido conjuntivo e a ampla heterogeneidade etiológica [4]. A maior frequência do grupo 1 e a distribuição de risco reforçam a necessidade de avaliação estruturada desde o diagnóstico e durante o seguimento [5]. A maior utilização de terapia dupla é compatível com recomendações contemporâneas, que favorecem combinação inicial ou sequencial conforme estratificação de risco [6]. A presença concomitante de monoterapia e de combinações triplas reflete individualização terapêutica frente à resposta, tolerabilidade e acesso [6]. Conclusão: O perfil dos pacientes no ambulatório de hipertensão pulmonar da UERJ é diverso, com predomínio do grupo 1 e etiologias diversas. A estratificação de risco intermediário e alto no diagnóstico em quase metade da amostra reflete a longa jornada diagnóstica e a gravidade própria da doença. O uso da terapia dupla é o esquema mais empregado, em consonância com as diretrizes vigentes. Esses resultados mostram a necessidade do aprimoramento de fluxos diagnósticos e assistenciais, além de pesquisas voltadas às melhorias no tratamento.


