ANÁLISE TEMPORAL DAS INTERNAÇÕES POR DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA NO BRASIL DE 2013 A 2023
Keywords:
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Epidemiologia, InternaçõesAbstract
Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória progressiva e debilitante, caracterizada pela obstrução persistente do fluxo aéreo ocasionada pela exposição e inalação crônica a agentes nocivos, principalmente o tabagismo, resultando em uma resposta inflamatória anormal dos pulmões. Apesar de seu fluxo aéreo não ser totalmente reversível, esta doença configura-se como prevenível e tratável. Seu diagnóstico envolve uma combinação de avaliação clínica, espirometria, em que se avalia o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e testes de imagem, em alguns casos. Objetivo: Avaliar as tendências de internações hospitalares por DPOC no Brasil entre 2013 a 2023, de modo a identificar padrões epidemiológicos e potenciais implicações para a gestão de saúde pública. Metodologia: Trata-se de um estudo temporal baseado em dados secundários em domínio público de internações por DPOC entre os anos de 2013 a 2023, disponíveis no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), por meio da plataforma DataSUS (TABNET). Entre as variáveis extraídas estão o número de internações, a variação anual e a taxa por 100 mil habitantes. A identificação dos casos foi realizada utilizando-se os códigos J44 da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). A variação percentual de internações foi calculada, levando em conta o número de internações no ano de 2023 e no ano de 2013. A busca de informações foi conduzida em plataformas eletrônicas acadêmicas e científicas digitais, dando foco a diretrizes e atualizações sobre a DPOC. A análise de tendência foi realizada por regressão linear e a comparação entre períodos pela aplicação do teste t de Welch, adotando-se nível de significância de 5%. Os dados foram organizados no Microsoft Excel e analisados na plataforma R. Resultados: Observou-se uma tendência significativa de redução nas internações por DPOC no Brasil entre 2013 e 2023, com a taxa diminuindo de 99,64 para 76,94 internações por 100.000 habitantes. A análise de regressão linear revelou uma queda média anual de aproximadamente 2,99 casos por 100.000 habitantes (p < 0,001). Em 2020, durante o início da pandemia de COVID-19, observou-se uma queda abrupta de 21,01% no número absoluto de internações e a taxa caiu para 66,58 por 100.000 habitantes. A diferença entre os períodos pré e pós pandêmico foi estatisticamente significativa (teste t de Welch, p = 0,0039). Já em 2022 e 2023, observou-se um aumento na taxa de internações de 15,42% e 5,43%, respectivamente, embora sem retorno aos níveis do período pré-pandêmico. Conclusão: Os dados evidenciam uma redução nas internações por DPOC no Brasil entre 2013 e 2023, o que sugere avanços no manejo clínico e na prevenção de exacerbações da doença. Com destaque a queda acentuada em 2020, é possível inferir que medidas de saúde implementadas durante a pandemia do COVID-19, como o uso de máscaras e o isolamento social, favoreceram a diminuição da transmissão de infecções virais respiratórias, uma das principais causas de internações por DPOC. Além disso, parte dessa redução pode ser atribuída à subnotificação ou subdiagnóstico, em razão da similaridade de sintomas entre COVID-19 e exacerbações agudas da DPOC. O aumento subsequente em 2022 e 2023, embora não tenha restabelecido os níveis pré-pandêmicos, reforça a importância de manter estratégias preventivas.


