CONDIÇÃO PÓS-COVID-19
AVALIAÇÃO CLÍNICA, TOMOGRÁFICA E FUNCIONAL PULMONAR 30 MESES APÓS A INFECÇÃO AGUDA PELO SARS-COV-2
Keywords:
Condição Pós-Covid-19, Tomografia computadorizada, Testes de função respiratória, COVID-19, DispneiaAbstract
INTRODUÇÃO: A Condição Pós-COVID-19 (PCC) caracteriza-se pela persistência de sintomas por mais de 3 meses após a infecção inicial pelo SARS-CoV-2, que não podem ser explicados por outro diagnóstico ou atribuídos a outra condição clínica. A PCC apresenta prevalência de 10% a 30% e afetam a capacidade de realizar atividades cotidianas, causando impactos socioeconômicos. Uma pesquisa realizada no Canadá, mostrou que a utilização de serviços de saúde pode chegar a ser 11% maior em indivíduos com PCC, com gasto anual estimado entre 7,8 e 30,2 bilhões de dólares. Desta forma,a PCC compromete a qualidade de vida e eleva substancialmente os custos de saúde, evidenciando a complexidade desse desafio para a área médica e a necessidade de avanços no conhecimento para melhor enfrentamento desta condição. OBJETIVO: Analisar os achados clínicos, tomográficos do tórax e funcionais pulmonares em 93 pacientes 30 meses após a infecção aguda pelo SARS-COV-2 MÉTODO: Estudo observacional analítico e transversal, conduzido com 93 pacientes, adultos, diagnosticados com COVID-19 e atendidos no ambulatório do HUAP. Os pacientes foram submetidos à uma avaliação clínica, tomográfica do tórax (TCAR) acrescido de fase expiratória, exame funcional pulmonar completo, além das variáveis sociodemográficas, 30 meses após a infecção aguda pelo SARS-COV-2. Os pacientes com PCC pelos sintomas respiratórios foram identificados, com a formação de 2 grupos (com PCC, sem PCC). A frequência dos achados foi comparada entre grupos, visando estabelecer informações que possam justificar os achados clínicos encontrados nos pacientes com PCC. Foram utilizados os testes: Test-T, teste de Fisher e Quiquadrado para a análise estatística (SPSS v.20.0). Resultados com significância estatística com p<0,05. Projeto aprovado pelo CEP/UFF (CAAE: 76628417.0.0000.5243). RESULTADOS: Dos 93 pacientes avaliados, 70% do sexo feminino, média de idade 55,47 ± 14,76 anos, peso 78,63 ± 15,74 kg, altura de 1,62 ± 0,08m, IMC 30,00 ± 5,30 kg/m²). Acerca do tabagismo, 34 (37%) eram ex-tabagistas e 5 (5,4%) tabagistas. Foi necessária internação hospitalar em 38 (41%) pacientes, sendo 20 (53%) em CTI; destes, 11 (55%) em ventilação mecânica (VM). A PCC por sintomas respiratórios foi observada em 20 pacientes (21,5%), sendo a dispneia o mais prevalente, com 17 (85%) pacientes. Na avaliação da TC do tórax, 65 pacientes (70%), apresentaram pelo menos 1 alteração, sendo mais prevalente o aprisionamento aéreo 41 (63%) e opacidades em vidro fosco 37 (57%). No estudo funcional foram encontrados para CVF% 102 ± 21,10; VEF1/CVF 95,00 ± 11,92; VEF1% 98,00 ± 22,11; CPT% 89,32 ± 20,29; DCO% 79,97 ± 19,92; sRaw% 59,67 ± 27,17. O distúrbio ventilatório restritivo foi o mais prevalente com 26 (27,95%). A redução DCO% foi observada em 45 (48%) pacientes. Não ocorreu diferença entre os grupos acerca de internação na fase aguda (p=0,152), internação no CTI (0,754) e necessidade de VM (p=0,993), assim como o tabagismo (p=0,213). Quando comparados os achados funcionais entre os dois grupos (PCC e não PCC), os parâmetros CVF% (p=0,042), VEF1% (p=0,036), CPT% (p=0,022) e DCO% (p=0,005) foram menores do grupo com PCC. Foi observada maior frequência no grupo com PCC as imagens de consolidação (p=0,034) e bronquiectasias de tração (p=0,002). CONCLUSÕES: A prevalência de condição pós-COVID-19 foi identificada em 21,5% da amostra, por sintomas respiratórios, principalmente a dispneia (85%). Neste estudo, os achados relacionados à persistência da dispneia foram: presença de consolidação e bronquiectasias de tração, além de menores valores funcionais pulmonares (CVF%, VEF1%, CPT% e DCO%). De forma geral, os resultados reforçam que as sequelas respiratórias da COVID-19 podem persistir por anos após a fase aguda. Estas informações ratificam a importância de estratégias específicas para o seguimento dos pacientes com PCC.


