TUBERCULOSE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EVOLUÇÃO DA INCIDÊNCIA FRENTE AO CENÁRIO NACIONAL (2014 A 2024)

Authors

  • Camila Mendes Peixoto Universidade Federal Fluminense
  • Luiza de Carvalho Rodrigues Universidade Federal Fluminense

Keywords:

Tuberculose, Série temporal, Incidência

Abstract

Introdução: A tuberculose é uma das doenças infecciosas de maior impacto no Brasil, mantendo-se como grave problema de saúde pública. Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, o país apresenta taxas de incidência persistentemente elevadas, com destaque para o Amazonas e o Rio de Janeiro, que concentram os maiores coeficientes. Nessas regiões, desigualdades socioeconômicas, alta densidade populacional e fragilidades no acesso aos serviços de saúde favorecem a transmissão e dificultam o controle da doença. A compreensão dessas diferenças regionais é fundamental para orientar ações mais efetivas e reduzir a incidência e a morbimortalidade associada à tuberculose no território nacional.  Objetivos: Avaliar a evolução da incidência da tuberculose no estado Rio de Janeiro entre 2014 e 2024, comparando-a ao Brasil, à Região Sudeste e ao Amazonas.   Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico descritivo de série temporal utilizando dados secundários do SINAN/DATASUS, incluindo casos novos de tuberculose em residentes no Brasil entre 2014 e 2024, agregados por Unidade da Federação (UF). As populações anuais por UF (IBGE/DATASUS) foram utilizadas para calcular a incidência anual. O foco principal foi o estado do Rio de Janeiro (RJ), comparado à Região Sudeste, ao Brasil e a outros estados de destaque, como o Amazonas. Realizou-se análise descritiva das taxas anuais, incluindo variações absoluta e relativa no período, cálculo de razões de incidência (RJ/Sudeste, RJ/Brasil, RJ/AM) e análise de tendência por regressão linear (RJ e AM). Os intervalos de confiança (IC95%) foram estimados assumindo distribuição Poisson para o número de casos. Resultados: Entre 2014 e 2024, a incidência de tuberculose no estado do Rio de Janeiro aumentou de 77,5 casos/100.000 habitantes (IC95%: 76,0–79,1) para 100,0 casos/100.000 habitantes (IC95%: 98,3–101,7), representando um aumento relativo de 29%. Já na Região Sudeste, a incidência apresentou pequena diminuição, passando de 59,8 para 56,7 casos/100.000 habitantes (-5,1%) e no Brasil houve crescimento de 42,4 para 52,4 casos/100.000 habitantes (+23,6%). A razão de incidência RJ/Sudeste evidenciou que o Rio de Janeiro manteve taxas superiores ao Sudeste, aumentando de 1,69 (IC95%: 1,66–1,72) em 2014 para 1,85 (IC95%: 1,82–1,88) em 2024. De forma similar, a razão RJ/Brasil apresentou elevação de 1,30 (IC95%: 1,27–1,32) para 1,76 (IC95%: 1,73–1,80) no mesmo período. Na comparação entre os dois estados com maiores coeficientes, a taxa de incidência do Rio de Janeiro permaneceu consistentemente menor, com razão de incidência (RJ/AM) variando de 0,94 (IC95%: 0,91–0,97) em 2014 para 0,79 (IC95%: 0,77–0,81) em 2024. A análise de tendência por regressão linear confirmou esse padrão, indicando aumentou em média 2,16 casos/100.000 habitantes por ano no Rio de Janeiro (IC95%: 1,36–2,95), enquanto no Amazonas o aumento médio anual foi de 3,71 casos/100.000 habitantes (IC95%: 2,01–5,41). Conclusão: De 2014 a 2024, o Rio de Janeiro manteve trajetória ascendente da incidência de tuberculose, consolidando-se como um dos principais epicentros nacionais, com taxas sistematicamente superiores às do Brasil e da Região Sudeste. Embora o Amazonas apresente coeficientes ainda mais elevados, o peso epidemiológico do Rio revela um padrão persistente e preocupante, que reforça sua centralidade na dinâmica da doença no país. Esses achados ressaltam a necessidade de respostas estratégicas e regionalizadas, capazes de reverter a tendência crescente e reduzir desigualdades no enfrentamento da tuberculose.

Published

2025-11-12

How to Cite

Mendes Peixoto, C., & de Carvalho Rodrigues, L. (2025). TUBERCULOSE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: EVOLUÇÃO DA INCIDÊNCIA FRENTE AO CENÁRIO NACIONAL (2014 A 2024). Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Retrieved from https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/277

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Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025