DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E EVOLUÇÃO DOS CASOS DE SILICOSE NO BRASIL ENTRE 2015 E 2024
UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
Palavras-chave:
Silicose, Pneumoconiose, Exposição ocupacionalResumo
Introdução: A silicose é uma doença pulmonar ocupacional causada pela inalação prolongada de partículas finas de sílica cristalina, substância presente em materiais como areia, granito e quartzo. Essa exposição leva à formação de lesões nodulares nos pulmões, resultando em fibrose pulmonar progressiva e irreversível. No Brasil, a silicose representa um importante desafio de saúde pública, especialmente devido à sua associação com outras doenças respiratórias, como tuberculose e câncer de pulmão, e à sua incidência em regiões com intensa atividade mineral e industrial. Objetivos: Avaliar a distribuição regional e a evolução temporal dos casos de silicose no Brasil durante o período de 2015 a 2024, buscando identificar padrões epidemiológicos e possíveis tendências. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e retrospectivo realizado a partir de dados extraídos do DATASUS, abrangendo o período entre 2015 e 2024. Foram coletadas informações sobre o número total de casos e sua evolução ao longo do tempo, discriminadas por região do país. Resultados: No período entre 2015 e 2024, um total de 2078 casos de silicose foram notificados ao Ministério da Saúde, sendo 2019 o ano de maior número de alertas, com 360, e 2021 o de menor, com 86. O Espírito Santo foi o estado com mais notificações dentre os demais, com 1132 casos, enquanto o Pará apresentou apenas uma notificação no período analisado. Quanto à evolução dos pacientes, 12 receberam cura confirmada, sendo 7 somente em 2024. A maioria dos pacientes evoluiu com cura não confirmada, com um total de 804 pessoas, e 98% destes residiam em Minas Gerais. Houve também casos de incapacidade permanente, que dividiram-se em parcial, com 652 casos, sendo 261 no Rio Grande do Sul, e total, com 132 ocorrências, sendo predominante em São Paulo, que notificou 43 casos. Já as incapacidades temporárias, representaram 70 notificações na década analisada. Os óbitos notificados decorrentes da silicose neste período de tempo foram de 183, com 133 somente no estado de Minas Gerais, e apenas um no Maranhão e no Rio de Janeiro. Conclusão: A análise dos casos de silicose no Brasil entre 2015 e 2024 evidencia marcantes desigualdades regionais e variações temporais nas notificações. O Espírito Santo destacou-se como o estado com o maior número de registros, enquanto o Pará apresentou incidência quase nula, sugerindo diferenças na exposição ocupacional, na vigilância epidemiológica ou na notificação dos casos. A baixa taxa de cura confirmada, associada à elevada ocorrência de incapacidade permanentes e óbitos, sobretudo em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, reforça a gravidade da doença. Os picos de notificações e as discrepâncias entre estados indicam a necessidade de aprimoramento das políticas públicas de prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento dos trabalhadores expostos, com ênfase na uniformização das ações de vigilância em todo território nacional.


