QUAIS SÃO OS ACHADOS TOMOGRÁFICOS DO TÓRAX MAIS FREQUENTES EM PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME?
Keywords:
anemia falciforme, tomografia computadorizada de tórax, tomografia, aspectos radiológicos, tóraxAbstract
INTRODUÇÃO: A anemia falciforme é uma doença hemolítica hereditária com complicações sistêmicas, sendo o sistema respiratório comumente acometido. A tomografia computadorizada de tórax é o exame de imagem de escolha para avaliação detalhada de alterações pulmonares, permitindo diagnóstico preciso de complicações estruturais. Em pacientes com anemia falciforme, os achados tomográficos podem refletir desde sequelas de infecções até manifestações de lesão pulmonar crônica. Isto ocorre, pois o pulmão é comumente envolvido, seja por doença infecciosa, como na pneumonia, na síndrome torácica aguda e fibrose pulmonar. A embolia pulmonar também pode ser observada devido ao estado de hipercoagulabilidade dos pacientes com a doença. A doença pulmonar crônica, secundária a isquemia pulmonar ou infecção repetida, ocorre em 4% dos pacientes. Na TC, espessamento septal, lóbulos pulmonares secundários dilatados, bronquiectasia de tração e distorção arquitetural podem estar presentes. A distribuição desses achados geralmente se dá nas porções inferiores dos pulmões. Distorção arquitetural grave, incluindo fibrose, pode levar à hipertensão pulmonar, que se manifesta como aumento do tamanho do tronco pulmonar principal e hipertrofia ventricular direita. OBJETIVO: Descrever os principais achados tomográficos de tórax em 20 pacientes atendidos no ambulatório de Pneumologia do Hospital Universitário Antônio Pedro - UFF com anemia falciforme, além de comparar a variável clínica (hiperfonese de B2) com o tamanho do tronco da artéria pulmonar mensurada na tomografia do tórax. MÉTODO: Trata-se de estudo observacional, transversal e analítico onde foram avaliados os achados tomográficos de tórax em 20 pacientes com o diagnóstico de anemia falciforme. Foram avaliadas variáveis sociodemográficas (idade, sexo, peso, altura e IMC). Os pacientes foram examinados pelo mesmo médico à procura de hiperfonese de B2. A prevalência de dispneia foi documentada. A dispneia foi categorizada pela escala de dispneia mMRC. Os pacientes realizaram tomografia computadorizada do tórax com estudo em alta resolução, onde foram escaneados na posição supina durante uma fase de apneia ao final da inspiração máxima. Foram descritas as frequências das áreas de aprisionamento aéreo, consolidação, derrame pleural, opacidades em vidro fosco, bandas parenquimatosas, fibrose pulmonar, bronquiectasias e espessamento de septo. Além disso, ocorreu a mensuração do tronco da artéria pulmonar (VR ≤ 29mm) ao nível da bifurcação das artérias pulmonares esquerda e direita e, essas medidas, comparadas à presença de hiperfonese da segunda bulha no exame físico. Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS v.20.0. Este projeto foi aprovado pelo CEP/UFF (CAAE: 74130523.5.00005243). RESULTADOS: Dos 20 pacientes avaliados, 12 (60%) eram do sexo feminino, com média de idade 37,20±11,50 anos, peso 50,76±23,76kg, altura de 1,65±0,08m, IMC 21,25±4,47 kg/m²). A prevalência de dispneia na amostra foi de 75% (15 pacientes), sendo as classificações mMRC 0 e 1 as mais prevalentes (45%). Sobre os achados tomográficos, aprisionamento aereo foi observado em 5 (25%) pacientes, sendo todos multilobares; consolidação em 2 (10%) dos pacientes; derrame pleural em apenas um paciente, sendo unilateral; opacidades em vidro fosco em 4 (20%) pacientes; bandas parenquimatosas em 14 (70%) paciente, bronquiectasias em 5 (25%) dos pacientes e espessamento de septo em 5 (25%) pacientes. A média do tronco da artéria pulmonar foi de 29,25±4,51mm, sendo o valor mínimo de 21,72mm e máximo de 38,97mm. O valor de TAP> 29mm foi observado em 7 (35%) pacientes, porém apenas 3 (43%) apresentaram hiperfonese de B2. CONCLUSÃO: Na amostra avaliada a presença de bandas parenquimatosas bilaterais e nas bases foi o achado tomográfico do tórax mais prevalente. Dos 20 pacientes avaliados, 6 apresentaram hiperfonese de B2, porém destes, apenas 50% (3 pacientes) apresentaram TAP> 29mm.


