AGENESIA DE PERICÁRDIO SIMULANDO MASSA PULMONAR
RELATO DE CASO
Keywords:
Agenesia do pericárdio, Iatrogenia, Broncoscopia, Massa pulmonar simuladaAbstract
INTRODUÇÃO: A agenesia congênita do pericárdio é uma anomalia rara, mais prevalente em homens, geralmente assintomática e de diagnóstico muitas vezes incidental. Em alguns casos, o deslocamento cardíaco pode simular massas torácicas em exames de imagem, levando a investigações invasivas desnecessárias. O reconhecimento dessa condição é essencial, pois, no contexto da pneumologia, massas pulmonares suspeitas motivam frequentemente procedimentos como broncoscopia ou biópsia transtorácica, que carregam risco de complicações. A broncoscopia, embora seja exame de alto rendimento diagnóstico em lesões pulmonares, deve ser indicada com cautela, avaliando-se cuidadosamente o risco-benefício. RELATO DO CASO: Paciente masculino, 89 anos, hipertenso, histórico de agenesia do pericárdio, apresentou dor torácica atípica persistente desde novembro de 2024. Sem tabagismo, emagrecimento ou sintomas respiratórios. Na ocasião, procurou atendimento no qual realizou tomografia do tórax evidenciando, segundo laudo oficial da radiologia, formação expansiva em lobo inferior esquerdo com densidade de partes moles, contorno irregular e sem plano de clivagem com a área cardíaca. Nesse cenário, foi encaminhado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro com solicitação de broncoscopia para investigação diagnóstica. Não foi observado lesão endobrônquica, assim como EBUS linear não localizou massa ou linfonodo mediastinal passível de punção. Foi então reavaliado o caso pela equipe, que optou por realizar nova tomografia do tórax com contraste e ecocardiograma transtorácico, chegando a conclusão de que a posição do coração no tórax do paciente é diferente do habitual, promovendo desvio e lateralização do coração para a esquerda em direção a linha axilar anterior esquerda, o que ocorre em pacientes com agenesia do pericárdio. DISCUSSÃO: A agenesia congênita do pericárdio promove movimentação exagerada do coração, podendo causar dor torácica, arritmias e achados radiológicos atípicos. Em pneumologia, essa condição representa um diagnóstico diferencial importante diante de massas pulmonares aparentes, especialmente quando o paciente não apresenta sintomas respiratórios ou fatores de risco para câncer de pulmão. O caso reforça que, em suspeitas radiológicas atípicas, a avaliação multimodal por imagem (TC com contraste, ecocardiografia, eventualmente ressonância cardíaca) deve preceder procedimentos invasivos. Essa abordagem evita riscos desnecessários, reduz custos e previne iatrogenias.


