TABAGISMO: RISCO SÉRIO PARA A SAÚDE NO PASSADO, PRESENTE E FUTURO
RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Palavras-chave:
DPOC, Tabagismo, Cigarro eletrônicoResumo
INTRODUÇÃO A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença respiratória progressiva e comumente irreversível que ocorre devido uma resposta inflamatória anormal provocada majoritariamente pela inalação prolongada de partículas nocivas, como a fumaça do tabaco; no Brasil afeta 17% de pessoas fumantes acima de 40 anos. Apesar do declínio feito pelas propagandas antifumo, 9,1% da população brasileira ainda fuma. Os cigarros eletrônicos (CE), populares desde 2019, proibidos pela legislação vigente também prejudicam a saúde, e muitas vezes são substituídos pelos usuários pelo cigarro comum, mais baratos. RELATO DE CASO I.S, sexo feminino, 60 anos, tabagista desde os 7 anos e em uso de oxigênio domiciliar há 2 anos, aposentada por invalidez há 5 anos, com capacidade pulmonar menor de 20%. Em 02/08/2024 chegou à unidade de pronto atendimento com insuficiência respiratória aguda, com necessidade de entubação no local e posterior transferência para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI); estava desnutrida com índice de massa corpórea inferior a 18 e descorada. Radiografia de tórax demonstrava hiper insuflação pulmonar, sendo iniciadas Ceftriaxona e Azitromicina, como protocolo de pneumonia aguda da comunidade. Evoluiu com pouca melhora, com broncoespasmo refratário, até ter antibioticoterapia substituída por Ceftazidima, após resultado de cultura de escarro confirmar P. aeruginosa multissensível. Teve alta da UTI após 5 dias, e alta domiciliar com oxigênio e broncodilatadores em 17/08/2024.Referia nunca ter conseguido parar de fumar até que teve que usar oxigênio domiciliar; nunca conseguiu seguir o programa antitabagismo do Sistema Único de Saúde (SUS). DISCUSSÃO No Brasil, entre janeiro e abril de 2023, foram registradas 2.589 mortes por DPOC. O tabagismo, historicamente incentivado por propaganda, é o principal fator de risco. Nos anos 1980 foram iniciadas no Brasil medidas para controlar o fumo: aumento de impostos, advertências nas embalagens, proibição de fumar em lugares fechados entre outras além de programas de cessação de tabagismo no SUS, diminuindo a % de fumantes de 34,8% para 9,1%. Mas consequências a longo prazo do tabagismo como a DPOC persistem entre os fumantes e ex-fumantes, com aposentadorias precoces e gastos excessivos para a sociedade. Exacerbações de broncoespasmo levando a internações hospitalares longas, como o caso da paciente descrita, e uso de oxigênio domiciliar são comuns nestes pacientes. Ressalta-se a necessidade de cobertura empírica para P. aeruginosa, frequente colonizador de áreas pulmonares destruídas. Atualmente um novo desafio surge com a popularização dos CE, especialmente entre jovens, pois o uso de dispositivos eletrônicos por pessoas que nunca fumaram pode triplicar o risco de DPOC. Medidas vigorosas devem ser implementadas se quisermos evitar novas gerações com índices explosivos das doenças ligadas ao tabagismo.


