PERFIL CLÍNICO E SOCIODEMOGRÁFICO DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA PULMONAR PÓS-TUBERCULOSE EM UM SERVIÇO AMBULATORIAL NO RIO DE JANEIRO
Palavras-chave:
Tuberculose, Sequelas pulmonares, Comorbidades, Tabagismo, Saúde públicaResumo
Introdução: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa que pode deixar importantes sequelas respiratórias e sistêmicas, mesmo após o término do tratamento. A doença pulmonar pós-tuberculose (DP-PTB) é definida atualmente como evidência de anormalidades respiratórias crônicas, com ou sem sintomas, atribuível pelo menos em parte à TB (pulmonar) anterior. A DP-PTB é um campo emergente na Medicina Respiratória, estimando-se que 155 milhões de sobreviventes da TB ainda estavam vivos em 2020, a maioria dos quais vivendo em países de baixa e média renda onde os recursos de saúde limitados reduzem o atendimento adequado à população vulnerável pós-TB. Assim, compreender o perfil clínico e sociodemográfico de indivíduos que tiveram TB é fundamental para o planejamento de ações de reabilitação e vigilância pós-tratamento. Objetivos: Descrever as características clínicas, sociodemográficas e comportamentais de pacientes com DP-PTB atendidos no Ambulatorial de Tuberculose da Policlínica Newton Bethlem, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Método: Estudo transversal com 54 indivíduos com diagnóstico de DP-PTB, acompanhados entre setembro de 2024 e maio de 2025. Os dados foram coletados por entrevistasnestruturadas contendo variáveis sociodemográficas, clínicas e comportamentais. Informações religiosas foram excluídas conforme diretriz ética da pesquisa. As análises foram descritivas, com cálculo de médias, frequências e proporções. O protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUPE-UERJ, sob o parecer CAAE:70493823.5.0000.5259. Resultados: A média de idade da amostra avaliada foi de 51 anos, com predominância do sexo feminino (66,7%). A maioria se autodeclarou parda (59,2%), seguida por pretos(as) (22,2%) e brancos(as) (16,6%). Cerca de 27,7% relataram hipertensão arterial sistêmica (HAS), 13% diabetes mellitus e 29,6% apresentaram outras comorbidades relevantes, como DPOC, asma, coinfecção pelo HIV e cardiopatias. O tabagismo atual foi identificado em 11,1% dos participantes, enquanto 31,5% eram ex-tabagistas. Em relação ao etilismo, 66,7% negaram consumo atual de álcool. A maioria relatou acesso a serviços essenciais, conforme segue: 98,1% possuem água tratada, 98,1% possuem energia elétrica e 92,6% possuem esgoto sanitário tratado. Conclusão: Indivíduos com histórico de TB demonstraram um perfil clínico marcado por comorbidades crônicas e hábitos de risco prévios, como o tabagismo. Os achados reforçam a importância de estratégias de reabilitação respiratória, vigilância pós-TB e políticas públicas voltadas à prevenção de agravos em populações vulneráveis.


