ANÁLISE SOCIOESPACIAL DOS PACIENTES COM TUBERCULOSE EM UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
UM ESTUDO ECOLÓGICO
Palavras-chave:
Tuberculose, Aspectos epidemiológicos, Brasil, Rio de JaneiroResumo
Introdução: A tuberculose é uma emergência global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo uma das principais causas de morte por doença infecciosa em adultos. O Brasil, componente do grupo de 30 países com maior carga de tuberculose, apresenta uma incidência anual de 37,0 casos/100 mil habitantes, e o estado do Rio de Janeiro apresenta a 3º maior incidência nacional, com 70,7 casos/100 mil habitantes. Essa elevada ocorrência correlaciona-se diretamente à organização socioespacial do território e a determinantes sociais associados a condições de vida da população. Apesar da relevância do tema, há uma defasagem de estudos recentes no estado do Rio de Janeiro com enfoque na incidência e características epidemiológicas da tuberculose na atenção primária. Objetivo: Analisar a incidência e aspectos socioespaciais dos casos de tuberculose nos serviços de atenção primária incluídos no estudo e compará-los ao panorama nacional e do estado do Rio de Janeiro. Metodologia: Estudo ecológico, descritivo e quantitativo realizado a partir da análise dos casos confirmados de tuberculose pulmonar/extrapulmonar na CMS Waldyr Franco e SMS CF Estivadores no período entre junho/2023 e outubro/2024. As variáveis individuais avaliadas foram sexo, idade, CID-10 (ativo/resolvido), territórios, raça/cor e escolaridade, extraídas da plataforma VITACARE e do SINAN. Calculou-se a incidência dos casos nas unidades de saúde e a porcentagem das variáveis independentes. Também foram analisados dados do DATASUS sobre ocorrência de casos confirmados de tuberculose, em instância nacional e federal. Resultados: 64 prontuários foram analisados — 15 na CF Estivadores e 49 na CMS Waldyr Franco. Na primeira unidade, 63,3% eram homens, 61,6% com ensino fundamental, 69,2% pretos/pardos e a incidência foi de 193,6/100 mil habitantes; no CMS Waldyr Franco, 59,2% eram homens, 53,1% com ensino fundamental, 73,5% pretos/pardos e incidência de 226,22/100 mil habitantes. A maioria dos casos de tuberculose concentrou-se em territórios vulneráveis (92,9% na CF Estivadores e 77,6% na CMS Waldyr Franco). Conclusão: A incidência nas unidades é significativamente superior à do estado do Rio de Janeiro. O perfil sociodemográfico encontrado nas unidades de saúde é semelhante ao panorama nacional: 69,2% homens e 65,2% pretos e pardos, os quais, historicamente, são mais suscetíveis a menor escolaridade. A distribuição espacial concentrada em áreas com piores condições de vida corrobora com o fato de a pobreza ser fator de risco para a doença. Como fator limitante do estudo, ressalta-se a diferença entre a quantidade de usuários adscritos nas unidades, sendo na CF Estivadores 7.747, e na CMS Waldyr Franco 21.660, e a possível subnotificação dos casos. Apesar das limitações, o estudo mostra sua relevância pois fornece dados de recortes específicos encontrados na rede de Atenção Primária à Saúde, reforçando o perfil nacional da doença e a sua correlação com determinantes sociais.


