ANÁLISE DOS DESFECHOS DE TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO FEMININA EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO

Autores

  • Gabriela Cersozimo Maia UERJ
  • Marcela Rodrigues Nader Tavares UERJ
  • Janaina Leung UERJ
  • Walter Costa UERJ
  • Ana Paula Gomes dos Santos UERJ
  • Alicia Sales Carneiro UERJ

Palavras-chave:

Tuberculose, Gênero, Estigma, Saúde Pública

Resumo

INTRODUÇÃO A tuberculose (TB) permanece como uma das enfermidades infecciosas de maior impacto global, representando um desafio persistente à saúde pública, sobretudo em populações vulneráveis. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2024), em 2023, cerca de 8,2 milhões de casos foram diagnosticados globalmente, com prevalência entre homens (55%), seguidos de mulheres (33%). No Brasil, dos 80.012 novos casos registrados, 69,2% acometeram indivíduos do sexo masculino (BRASIL, 2024). Apesar da menor proporção numérica, a TB constitui a principal causa infecciosa de mortalidade entre mulheres em idade reprodutiva, especialmente em contextos de maior vulnerabilidade. Barreiras estruturais e estigmas sociais contribuem para o agravamento do quadro clínico feminino. O medo e a estigmatização da doença afetam desproporcionalmente as mulheres, agravando sua condição socioeconômica. Dessa forma, a tuberculose deve ser reconhecida como uma importante questão de saúde pública para mulheres (CONNOLLY; NUNN, 1996).  OBJETIVO Investigar a prevalência da tuberculose ativa entre pacientes do sexo feminino, correlacionando formas clínicas e intolerância ao tratamento, bem como refletir sobre os impactos sociais e econômicos decorrentes do estigma associado à enfermidade.  MÉTODO Estudo observacional retrospectivo, de caráter descritivo, baseado na análise de prontuários eletrônicos de pacientes diagnosticados com TB e acompanhados pela Pneumologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) entre janeiro e julho de 2025. Incluíram-se pacientes com dados sobre sexo biológico, forma clínica (pulmonar/extrapulmonar) e resposta ao tratamento. Casos não vinculados à Pneumologia no período foram excluídos. RESULTADOS Foram analisados 40 prontuários, dos quais 57,5% (n=23) eram do sexo feminino e 42,5% (n=17), masculino. Nove pacientes apresentaram intolerância ao tratamento de primeira linha, com predominância entre mulheres (55,5%). As formas extrapulmonares foram significativamente mais prevalentes entre o grupo feminino (76,9%), sugerindo maior complexidade clínica nesse perfil.  CONCLUSÃO Os dados demonstram um predomínio feminino na amostra analisada, aliado a maior frequência de formas extrapulmonares e maior intolerância terapêutica. Esses achados podem refletir a somatória de vulnerabilidades biológicas, sociais e institucionais que incidem sobre as mulheres acometidas por TB. A presença de estigmas e barreiras ao cuidado contribui para atrasos no diagnóstico e pior desfecho clínico, além de impactar negativamente sua condição socioeconômica. A superação das desigualdades exige estratégias que aliem equidade no acesso ao cuidado, acolhimento psicossocial e enfrentamento do estigma. A TB deve ser compreendida como uma condição multifatorial, cujo controle demanda sensibilidade às iniquidades sociais que modulam sua expressão.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

Cersozimo Maia, G., Rodrigues Nader Tavares, M., Leung, J., Costa, W., Gomes dos Santos, A. P., & Sales Carneiro, A. (2025). ANÁLISE DOS DESFECHOS DE TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO FEMININA EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO. Revista Pulmão, 33(3), 1. Recuperado de https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/243

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025