EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR NOS PRIMEIROS SETE DIAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA

Resumo

Introdução: A eletroestimulação neuromuscular (EENM) tem sido cada vez mais utilizada nas unidades de terapia intensiva (UTI) como uma forma de mobilização precoce para aqueles pacientes sujeitos ao imobilismo.  Objetivo: Analisar os efeitos do uso da EENM, em pacientes sob ventilação mecânica invasiva (VMI) em uma unidade de terapia intensiva. Metodologia: Trata-se de um ensaio clínico randomizado realizado no Hospital Universitário Pedro Ernesto, com aprovação do CEP (CAAE: 64181222.5.000.5259). No estudo, todos os pacientes foram submetidos à ultrassonografia do músculo quadríceps no 1º, 3º e 7º dia de VMI, para avaliação da espessura muscular, ângulo de penação e área de secção transversa, e foram coletadas a qualidade de contração e tipo de contração somente no grupo da EENM. Também foram coletados dados do prontuário como, características demográficas, exames laboratoriais, dados funcionais e desfechos.  Análise estatística: Os dados foram analisados no software estatístico (GraphPad Prism 9.0). Cada variável foi testada para normalidade usando o Teste Kolmogorov-Smirnov. As variáveis contínuas foram analisadas usando o Teste T student não pareado. Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste One-way ANOVA para amostras paramétricas. Foi considerado significativo um valor de p<0,05. Resultados: Foram selecionados 81 pacientes, sendo excluídos 54 e incluídos 27 participantes que foram randomizados aos grupos controle (n=13) e EENM (n=14). Após as análises, observamos que os grupos foram homogêneos, não apresentando diferença significativa quanto ao perfil demográfico, escore SAPS 3 e escore SOFA. Para as variáveis laboratoriais, observamos um aumento significativo do lactato no grupo EENM no D7 comparado ao grupo controle (GC: 1.30 ±0.78; GEENM: 1.68 ±0.99; p<0,0001), assim como para proteína C reativa (GC: 86.66 ±72.12; GEENM: 94.95 ±119.3; p=0.030). Em relação a área de secção transversa, ângulo de penação e espessura muscular, parece haver uma atenuação no grupo EENM, porém sem diferença estatística significativa. Ainda assim, o grupo EENM esteve menos dias internado na UTI (GC=19.38 ±14.39; GEENM=9.77 ±4.46; p=0,030), e menos dias em VMI (GC=13.92 ±11.47; GEENM=6.61 ±4.37; p=0,042), ambos com significância estatística. Conclusão: Logo sugere-se que o uso da EENM pode atenuar as alterações musculares nos primeiros 7 dias de uso de VMI e influenciar na redução de tempo de VMI e tempo de internação.