QUANDO O CUIDADO É INTEGRAL

IMPORTÂNCIA DA CESSAÇÃO DO TABAGISMO EM PACIENTE TRANSGÊNERO EM HORMONIZAÇÃO, COM ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL E MULTIDISCIPLINAR NO CONTEXTO DO SUS - UM RELATO DE SUCESSO

Autores

  • Reynaldo Guedes de Oliveira Fontes Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Márcia Cristina Brasil Santos Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Patrícia Frascari Litrento Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Rachel Cristiny de Souza França Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Carolina Bastos da Cunha Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Luiz Maurício Pinheiro Fernandes Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Leonardo Henrique Portes Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Cristiane Almeida Pires Tourinho Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Tabagismo, Cessação do Tabagismo, População Transgênero, Terapia Hormonal

Resumo

Introdução: O tabagismo é uma doença crônica e um problema de saúde pública, responsável por mais de 8 milhões de mortes anuais e com prevalência desproporcional entre pessoas transexuais e travestis da comunidade LGBTQIA+. Nesses grupos, fatores como discriminação, exclusão social e estresse de minorias favorecem a iniciação e manutenção do Tabagismo. A associação entre tabagismo e terapia hormonal — etapa central do Processo Transexualizador do SUS — eleva os riscos cardiovasculares e tromboembólicos, além de agravar condições pré-existentes. A hormonização cruzada, essencial para o bem-estar e a saúde mental dessas pessoas, deve ser realizada com supervisão médica para garantir segurança e eficácia. Integrar estratégias de cessação tabágica ao cuidado multiprofissional, de forma ativa e acolhedora, é fundamental para reduzir complicações físicas, proteger a saúde mental, preservar a dignidade e melhorar a qualidade de vida. Relato de caso: Paciente homem trans, 32 anos, universitário e marceneiro, em acompanhamento no Ambulatório Identidade da UERJ desde 2022. Iniciou terapia hormonal em 2016, inicialmente com Deposteron por um ano, sendo posteriormente substituído por Durateston. Interrompeu o tratamento hormonal devido a diagnóstico de prolactinoma. Em outubro de 2024, foi encaminhado ao Ambulatório de Cessação de Tabagismo da Pneumologia da UERJ, apresentando consumo de cigarros combustíveis equivalente a 1 maço/dia, com carga tabágica de 5 anos.maço, escore de Fagerström elevado e relato de aumento do consumo nas últimas semanas, associado ao falecimento do pai.Iniciou terapia de reposição de nicotina (TRN) com adesivos de 21 mg/dia por quatro semanas, mantendo adesão satisfatória e comparecimento regular às consultas, sem lapsos ou recaída. Prosseguiu com TRN por mais dois meses, em doses decrescentes (14 mg e 7 mg). Após os três meses iniciais de acompanhamento, iniciou-se a fase de prevenção de recaída, com  estratégias comportamentais. Manteve o uso de Durateston a cada 21 dias e expressou desejo de realizar mamoplastia masculinizadora. Em junho de 2025, apresentou quadro depressivo, iniciando tratamento com escitalopram e trazodona, prescritos por psiquiatra. Até a última consulta, em julho de 2025, permanecia sem fumar, bem motivado e aderente ao tratamento. Discussão: Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (IBGE, 2019), a prevalência de uso de produtos derivados do tabaco é maior entre pessoas não heterossexuais (22,4%) em comparação a heterossexuais (12,7%). Entre os fatores associados ao maior consumo na população LGBTQIAPN+, destacam-se o patrocínio de eventos pela indústria do tabaco, o estresse de minorias (discriminação, isolamento, abandono), a maior prevalência de outros fatores de risco (álcool, outras drogas, doenças psiquiátricas) e a violência física, verbal e psicológica. Em pessoas transgênero, a prevalência do tabagismo é ainda mais elevada em relação à população cisgênero, o que, associado à hormonização, eleva o risco cardiovascular e tromboembólico. A atuação multiprofissional, com abordagem acolhedora e respeitosa, e o acesso a medicamentos pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo são elementos centrais para o sucesso da cessação. Entretanto, há escassez de estudos voltados especificamente à eficácia de programas de cessação do tabagismo nessa população, reforçando a necessidade de estratégias direcionadas e sensíveis às suas especificidades.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

Guedes de Oliveira Fontes, R., Brasil Santos, M. C., Frascari Litrento, P., de Souza França, R. C., Bastos da Cunha, C., Pinheiro Fernandes, L. M., … Almeida Pires Tourinho, C. (2025). QUANDO O CUIDADO É INTEGRAL: IMPORTÂNCIA DA CESSAÇÃO DO TABAGISMO EM PACIENTE TRANSGÊNERO EM HORMONIZAÇÃO, COM ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL E MULTIDISCIPLINAR NO CONTEXTO DO SUS - UM RELATO DE SUCESSO. Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Recuperado de https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/230

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025