O TEMPO DE EXPOSIÇÃO AOS CRISTAIS DE SÍLICA, O USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E O TABAGISMO INFLUENCIAM NA GRAVIDADE DA SILICOSE?

Autores

  • Luiza de Carvalho Rodrigues Universidade Federal Fluminense
  • Luiza Teixeira da Silva Universidade Federal Fluminense
  • Angela Santos Ferreira Nani Universidade Federal Fluminense
  • Valéria Barbosa Moreira Universidade Federal Fluminense
  • Marcos César Santos de Castro Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

Silicose, Pneumoconiose, Exposição Ocupacional, Tabagismo, Equipamento de Proteção Individual

Resumo

Introdução: Com a reemergência da silicose em novos contextos ocupacionais, cresce o interesse por fatores que possam modificar sua expressão clínica. Diversos autores relatam que o desenvolvimento da silicose está relacionado a múltiplos fatores, incluindo o tempo de exposição aos cristais de sílica, a não adesão ou uso inadequado de equipamentos de proteção individual (EPI), além do hábito do tabagismo. Entretanto, poucos artigos têm como objetivo avaliar se estes fatores influenciam na gravidade da doença já instalada. Objetivo: Avaliar se o tempo de exposição aos cristais de sílica, o uso de EPI e o tabagismo interferem na gravidade da silicose. Metodologia: Estudo do tipo descritivo transversal analítico realizado com 78 pacientes com diagnóstico confirmado de silicose e acompanhados regularmente no Ambulatório de Pneumologia do HUAP- UFF. Foram analisados os parâmetros: sexo, idade (anos), tempo de exposição à sílica (TE) em anos, classificação radiológica (simples e complicada) de acordo com a OIT, uso do EPI, variáveis espirométricas CVF%, VEF1/CVF, VEF1%, prevalência de tabagismo, além da carga tabágica. Os pacientes foram classificados radiologicamente em silicose simples e complicada. Foram realizadas análises de modo a comparar as médias das variáveis sociodemográficas e espirométricas entre os dois grupos. Além disso, foram comparadas as frequências do tabagismo e o uso de EPI entre os grupos silicose simples e complicada. Os resultados foram apresentados em média e desvio-padrão. Para a comparação das médias foi utilizado o Test-T, assim como os testes de Fisher e Quiquadrado para análise de comparação das frequências. Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS 22.0, sendo considerado resultado com significância estatística p-valor <0,05. Este trabalho foi aprovado pelo CEP do HUAP-UFF (CAAE: 73685317.1.00005243). Resultados: Dos 78 pacientes avaliados, todos eram do sexo masculino. Quanto à classificação radiológica pela OIT, 26 (33,3%) apresentavam silicose simples e 52 (66,6%) silicose complicada. As médias e desvios-padrão foram: idade (59,53 ± 7,98 anos), tempo de exposição – TE (21,49 ± 8,35 anos), CVF% (78,63 ± 19,9%), VEF1/CVF (65,81 ± 14,15) e VEF1% (64,38 ± 24,14%). Não ocorreu diferença significativa entre os grupos simples e complicada acerca das variáveis idade (p=0,113), peso (p=0,161), altura (p=0,220), IMC (p=0,446), tempo de exposição (p=0,313) e carga tabágica (p=0,644). Entretanto, as variáveis espirométricas apresentaram valores mais baixos no grupo com silicose complicada, CVF% (p=0,001), VEF1/CVF (0,047) e VEF1 (p=0,001). Não ocorreu diferença na frequência do tabagismo entre os grupos silicose simples e complicada (OR=0,93; 95%IC 0,36 – 2,38; p=0,873), assim como na frequência do uso de EPI (OR=0,73; 95% IC 0,29 – 1,89; p=0,521). Conclusão: Os resultados reforçam que a gravidade da silicose é multifatorial e, desta forma, não devemos nos restringir a uma análise isolada acerca do tempo de exposição, uso de EPI ou do hábito do tabagismo. Esses achados sugerem que a interação entre intensidade e duração da exposição à sílica, lesão pulmonar prévia e outros determinantes ambientais e individuais/genéticos desempenham papel relevante na gravidade da doença. A abordagem preventiva deve, portanto, considerar a multiplicidade desses fatores para reduzir o impacto clínico, radiológico e funcional na silicose.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

de Carvalho Rodrigues, L., Teixeira da Silva, L., Santos Ferreira Nani, A., Barbosa Moreira, V., & Santos de Castro, M. C. (2025). O TEMPO DE EXPOSIÇÃO AOS CRISTAIS DE SÍLICA, O USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E O TABAGISMO INFLUENCIAM NA GRAVIDADE DA SILICOSE?. Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Recuperado de https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/199

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025