PNEUMONITE DE HIPERSENSIBILIDADE A ANTÍGENOS DE AVES: RELATO DE CASO

Autores

  • Mayra de Oliveira Mendes Universidade Iguaçu
  • Gabriela Cavararo Caroni Pereira Universidade Iguaçu
  • Liz Niffity Santos Monteiro Universidade Iguaçu
  • Ana Clara Fogaça de Carvalho Universidade Iguaçu
  • Natália Flores Rick Universidade Iguaçu
  • Ruliane Gitahy Pereira de Moraes Universidade Iguaçu
  • Roberta Araújo de Arruda Camara Universidade Iguaçu
  • Monica flores Rick Universidade Iguaçu

Palavras-chave:

Pneumonite, Aves, Hipersensibilidade

Resumo

INTRODUÇÃO A Pneumonite de Hipersensibilidade (PH) é uma inflamação imunomediada do parênquima pulmonar e vias distais, desencadeada por inalação repetida de antígenos ambientais, como proteínas aviárias. Pode apresentar formas fibrótica e não fibrótica, com manifestações clínicas e radiológicas distintas (1,2). No Brasil, uma coorte multicêntrica (2013-2020) identificou PH em 23,2% dos casos de doenças pulmonares intersticiais, sendo a segunda etiologia mais frequente. Odiagnóstico, contudo, permanece desafiador (3,2). O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de PH decorrente de exposição doméstica a aves, ressaltando os desafios diagnósticos e a importância da anamnese ambiental detalhada. RELATO DE CASO Paciente feminina, 50 anos, procurou ambulatório de pneumologia com tosse produtiva persistente, dor torácica difusa, perda ponderal e dispneia aos esforços, há 12 meses. Refere tratamento prévio com antibióticos, corticosteroides e consulta com outro pneumologista, onde recebeu diagnóstico equivocado de asma e fez uso de Formoterol/Beclometasona inalatório por 3 meses, sem melhora. Negava doenças respiratórias crônicas, comorbidades, tabagismo ou uso de drogas. Na investigação de história ambiental, relatou exposição diária a aves ornamentais em seu domicílio no último ano. Ao exame Físico, encontrava-se eupneica, com murmúrio vesicular preservado, sem ruídos adventícios. Tomografia computadorizada (TC) de tórax prévia (out/2023) mostrou múltiplas opacidades centrolobulares em vidro fosco difusas, áreas de atenuação em mosaico e discreto faveolamento nos lobos superiores. A hipótese diagnóstica foi de PH relacionada a antígenos aviários. A conduta consistiu na suspensão da exposição a aves, solicitação de nova TC de tórax, exames laboratoriais (hemograma, VHS, FR, FAN), visando excluir doença autoimune e prescrição de Prednisona 40 mg/dia por 7 dias, com redução gradual. Após um mês seguindo as orientações, apresentou melhora significativa. Exames laboratoriais apresentaram FAN não reagente, FR negativo e VHS 10 mm. TC de tórax (julho/2024) evidenciou resolução das opacidades centrolobulares e da atenuação em mosaico, mantendo discreto faveolamento, que persistiu em TC posterior, sem sinais de recidiva da doença. Discussão O caso corresponde à Pneumonite de Hipersensibilidade a antígenos de aves, com predominância inflamatória, em evolução para a forma fibrótica, caracterizada por inflamação bronquiolocêntrica e infiltrado intersticial linfocitário, sem evidências radiológicas de fibrose estabelecida, como bronquiectasia de tração, embora com discreto faveolamento nas porções anteriores em lobos superiores (1,2). Esse padrão é potencialmente reversível com retirada do antígeno e terapia adequada, diferindo da forma fibrótica avançada, que apresenta remodelamento pulmonar irreversível e pior prognóstico. A Tomografia Computadorizada de Alta Resolução desempenhou papel central no raciocínio diagnóstico, evidenciando as opacidades centrolobulares em vidro fosco, padrão típico da fase inflamatória da PH, e discreto faveolamento, sugerindo fibrose em fase inicial. Conforme diretrizes da ATS/JRS/ALAT 2020 e CHEST Guideline, o diagnóstico de PH é sustentado por associação de exposição conhecida, manifestações clínicas, achados radiológicos e resposta à retirada do antígeno (4,1), todos presentes neste caso. Ademais, o período prolongado sem diagnóstico associado a uma avaliaçãoprévia com diagnóstico equivocado reforça que a PH é frequentemente subdiagnosticada, especialmente em contextos não ocupacionais, pela ausência de exposição óbvia, além da semelhança com outras doenças pulmonares agudas e crônicas (5,2). Este relato evidencia a importância da anamnese ambiental detalhada, com atenção a exposições ambientais menos evidentes e diagnóstico precoce, reforçando que estes são essenciais para prevenção de fibrose irreversível e manejo eficaz da PH (5,4).

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

de Oliveira Mendes, M., Cavararo Caroni Pereira, G., Niffity Santos Monteiro, L., Fogaça de Carvalho, A. C., Flores Rick, N., Gitahy Pereira de Moraes, R., … flores Rick, M. (2025). PNEUMONITE DE HIPERSENSIBILIDADE A ANTÍGENOS DE AVES: RELATO DE CASO. Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Recuperado de https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/186

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025