CARGA EPIDEMIOLÓGICA E MORTALIDADE DA FPI NO BRASIL

TENDÊNCIAS HISTÓRICAS E PERSPECTIVAS FUTURAS

Autores

  • Rogerio Rufino UERJ
  • Lucas Resende Martinez Araujo IDOMED
  • Leonardo Palermo UERJ
  • Elizabeth Bessa UERJ
  • Bruno Rangel UERJ
  • Mariana Lopes UERJ
  • Mariana Costa Rufino USP
  • Cláudia Henrique da Costa UERJ

Palavras-chave:

Fibrose Pulmonar Idiopática, Mortalidade, Epidemiologia, Brasil, Prevalência

Resumo

Contexto: A fibrose pulmonar idiopática (FPI) é uma doença pulmonar intersticial progressiva e fatal com crescente relevância clínica e epidemiológica globalmente. Apesar dos avanços na terapia antifibrótica, a FPI permanece associada à alta mortalidade, com sobrevida mediana de 3 a 3,5 anos pós-diagnóstico. Este estudo objetivou caracterizar as tendências de mortalidade relacionadas à FPI no Brasil durante 28 anos e estimar prevalência nacional e incidência. Métodos: Análise retrospectiva de base populacional dos dados nacionais de mortalidade do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil de 1996 a 2023. As mortes relacionadas à FPI foram identificadas usando o código J84.1 da Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão (CID-10). As tendências de mortalidade foram estratificadas por sexo, etnia e grupos etários para identificar padrões demográficos. Razões de chances anuais por sexo foram calculadas para avaliar padrões diferenciais de mortalidade.  Resultados: Entre 1996 e 2023, um total de 61.518 mortes foram atribuídas à FPI no Brasil. O número anual de mortes variou de 979 em 1997 a um pico de 3.778 em 2023, mostrando variabilidade ano a ano, mas uma clara tendência de aumento a longo prazo. Ao longo do período de 28 anos, ocorreram 30.593 mortes relacionadas à FPI entre homens e 31.481 entre mulheres, refletindo uma distribuição quase igualitária. O teste qui-quadrado não mostrou diferença estatisticamente significativa entre os sexos (χ² = 1,78; p = 0,182). A análise baseada na etnia revelou uma distribuição desproporcional das mortes relacionadas à FPI: 67,4% ocorreram entre indivíduos brancos, 23,7% entre afro-brasileiros (combinando as categorias negros e pardos), 1,3% entre asiáticos, 0,1% entre indígenas e 7,5% foram classificadas como desconhecidas ou não relatadas. O teste qui-quadrado mostrou uma diferença altamente significativa entre os grupos étnicos (χ² = 123.165; p < 0,001). De 1996 a 2001, o OR permaneceu próximo a 1,0. Em 2005, atingiu aproximadamente 1,3 e, em 2012, ultrapassou 2,0. Em 2023, os indivíduos no Brasil tinham quase três vezes mais chances de morrer de FPI do que em 1996 (OR = 2,97), refletindo um aumento substancial e sustentado na carga da doença. Conclusões: A mortalidade relacionada à FPI no Brasil mais que triplicou desde 1996, refletindo tanto capacidade diagnóstica aprimorada quanto envelhecimento populacional. Entretanto, disparidades demográficas significativas persistem entre grupos de sexo e etnias, destacando inequidades no acesso aos cuidados de saúde. Estes achados enfatizam a necessidade urgente de fortalecer registros nacionais de doenças, expandir programas de diagnóstico precoce e melhorar o acesso equitativo à terapia antifibrótica para abordar o crescente fardo epidemiológico da FPI no Brasil.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

Rufino, R., Resende Martinez Araujo, L., Palermo, L., Bessa, E., Rangel, B., Lopes, M., … Henrique da Costa, C. (2025). CARGA EPIDEMIOLÓGICA E MORTALIDADE DA FPI NO BRASIL: TENDÊNCIAS HISTÓRICAS E PERSPECTIVAS FUTURAS. Revista Pulmão, 33(3), 1. Recuperado de https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/169

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025