FÍSTULA BILIOBRÔNQUICA COMO COMPLICAÇÃO DE METASTASECTOMIA HEPÁTICA

Autores

  • Andreia Salarini Monteiro INCA
  • Bianca Peixoto INCA (Instituto Nacional de Câncer)
  • Gabriel Baptista Lucena INCA (Instituto Nacional de Câncer)
  • Fernando Vannucci INCA (Instituto Nacional de Câncer)
  • Gustavo Santiago Melhim Gattás INCA (Instituto Nacional de Câncer)
  • Aureliano Mota Cavalcanti de Sousa INCA (Instituto Nacional de Câncer)

Palavras-chave:

fístula biliobrônquica, bilioptise, metastasectomia hepática

Resumo

INTRODUÇÃO Fístula biliobrônquica (FBB) é uma condição rara que ocorre a partir de uma comunicação anormal entre os dutos biliares e a árvore brônquica. Dentre as suas causas podemos citar: anomalias congênitas, tumores hepáticos primários ou metastáticos, obstrução de duto biliar (cálculo, estenose), trauma fechado ou penetrante, abscesso hepático, complicação de ressecção cirúrgica ou tratamento ablativo de tumores. A bilioptise é sintoma caractarístico, podendo estar associado a tosse, dispneia e pneumonia de repetição. Tomografia computadorizada (TC) de tórax e abdome, colangiorressonância (colangioRM), colangiopancreatografia percutânea ou colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) são métodos utilizados para confirmar o diagnóstico.  RELATO DO CASO Masculino, 51 anos, com adenocarcinoma de reto estadio IV (metástase hepática), tratado com quimioterapia, radioterapia e, posteriormente, metastasectomia hepática. Evoluiu com sangramento intra-abdominal no pós-operatório imediato necessitando de abordagem cirúrgica de emergência. Após 6 meses, foi internado para tratamento de pneumonia em lobo inferior direito (LID). TC de tórax mostrava derrame pleural loculado à direita em contiguidade com lesão no leito cirúrgico da hepatectomia. Permaneceu assintomático por alguns meses após a alta quando apresentou nova pneumonia em LID. Submetido a broncoscopia que não evidenciou alterações endobrônquicas. Nesta ocasião, começou a referir expectoração amarelada abundante e fluida, compatível com bilioptise, sendo internado para investigação diagnóstica. CPRE mostrou múltiplas áreas de estenose em via biliar intra e extra-hepática e fístula bilio-brônquica patente. Realizada esfincterectomia endoscópica e passagem de prótese. Paciente manteve bilioptise sendo submetido a colangiografia percutânea, drenagem externa e embolização da fístula com melhora dos sintomas. Permaneceu em seguimento ambulatorial por 2 meses, porém voltou a apresentar expectoração biliar, necessitando de nova embolização para controle dos sintomas. Após várias recorrências e tentativas de tratamento conservador sem sucesso, optou-se por correção cirúrgica da fístula. Poucos meses depois voltou a apresentar expectoração biliar e colangioRM mostrou persistência do trajeto fistuloso sem dilatação de vias biliares. Atualmente, segue em controle ambulatorial.  DISCUSSÃO: A FBB após hepatectomia é uma complicação grave e com elevada mortalidade. Dentre os mecanismos envolvidos na sua formação podemos citar a ocorrência de estenose biliar, que leva a formação de biloma e fistulização, como ocorreu no caso descrito. Seu tratamento em geral é multidisciplinar podendo ser realizado por métodos conservadores, como embolização da fístula, drenagem biliar endoscópica ou externa, ou através de correção cirúrgica. Apesar da elevada morbimortalidade ainda não há um protocolo de tratamento bem estabelecido para esta condição.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

Salarini Monteiro, A., Peixoto, B., Baptista Lucena, G., Vannucci, F., Santiago Melhim Gattás, G., & Mota Cavalcanti de Sousa, A. (2025). FÍSTULA BILIOBRÔNQUICA COMO COMPLICAÇÃO DE METASTASECTOMIA HEPÁTICA. Revista Pulmão, 33(3), 1. Recuperado de https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/151

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025