ATIVIDADES LABORATIVAS COMO FATORES CONTRIBUINTES PARA O DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
Palavras-chave:
Saúde do Trabalhador, Riscos Respiratórios, Prevenção Primária, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Exposição OcupacionalResumo
Resumo: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória progressiva e irreversível que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo historicamente associada ao tabagismo. Contudo, evidências crescentes apontam para a contribuição significativa de exposições ocupacionais, especialmente em ambientes industriais e agrícolas, como fator de risco para o desenvolvimento e agravamento da DPOC. Objetivo: Investigar a relação entre atividades laborativas específicas e a incidência da DPOC em ambientes que favorecem a exposição a agentes nocivos respiratórios. Métodos: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura científica nas bases SciELO e LILACS, utilizando os descritores "Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica", "Fatores ocupacionais" e "Exposição ocupacional". Foram incluídos artigos publicados entre 2004 e 2024, período selecionado para contemplar estudos clássicos que fundamentam a associaçao entre DPOC e fatores ocupacionais, bem como pesquisas recentes que refletem avanços nas estratégias de prevenção e diagnóstico. Essa amplitude temporal permitiu analisar a evolução das evidências científicas e das políticas de saúde ocupacional. Resultados: Diversas profissões apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de DPOC, mesmo na ausência de tabagismo. Entre elas, destacam-se os trabalhadores da construção civil, mineradores, agricultores, operadores de fornos e soldadores, devido à exposição contínua a poeiras orgânicas e inorgânicas, gases irritantes, fumos metálicos e partículas finas (TRABALHO RURAL, EXPOSIÇÃO A POEIRAS E SINTOMAS RESPIRATÓRIOS CRÔNICOS, 2005). A literatura evidencia que aproximadamente 15% a 20% dos casos de DPOC estão associados a fatores ocupacionais (VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E DOENÇAS OCUPACIONAIS RESPIRATÓRIAS, 2004). Além disso, ambientes fechados e mal ventilados agravam a exposição. A subnotificação e a predominante associação da doença ao tabagismo dificultam o diagnóstico precoce em trabalhadores expostos. Conclusão: As atividades laborativas configuram-se como um fator relevante, embora frequentemente negligenciado, no desenvolvimento da DPOC. A adoção de anamnese ocupacional minuciosa nos atendimentos, aliada à implementação de políticas efetivas de vigilância e prevenção nos ambientes de trabalho, é essencial para mitigar esse problema de saúde pública. Medidas como o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), aprimoramento da ventilação industrial e realização de programas periódicos de monitoramento respiratório apresentam potencial para reduzir expressivamente a ocorrência da doença entre trabalhadores expostos.
