REMISSÃO CLÍNICA EM PACIENTES COM ASMA GRAVE EM USO DE BIOLÓGICOS

EXPERIÊNCIA DE VIDA REAL EM CENTRO DE REFERÊNCIA

Authors

  • Júlio Ribeiro Borges UERJ
  • Nadja Polisseni Graça UERJ
  • Thiago Prudente Bartholo UERJ
  • Rafaela Vieira Ferreira da Silva UERJ
  • Bruno Rangel Antunes da Silva UERJ
  • Paulo Roberto Chauvet Coelho UERJ
  • Gabriel Santiago Moreira UERJ
  • Daniella Teotônio de Araújo Cartaxo Queiroga UERJ

Keywords:

Asma grave, Biológicos, Remissão

Abstract

Introdução A asma grave acomete uma minoria de pacientes e caracteriza-se por pior controle dos sintomas, exacerbações recorrentes e maior uso de corticosteroides sistêmicos. O advento dos biológicos mudou a história da asma, trazendo a possibilidade de alcançar remissão clínica, conceito cada vez mais discutido na literatura. No entanto, a maioria das evidências disponíveis provém de ensaios clínicos, e ainda há pouca informação sobre o alcance da remissão em coortes de pacientes tratados no sistema público brasileiro.  Objetivo Avaliar a frequência de remissão clínica em pacientes com asma grave tratados com biológicos em cenário de vida real no SUS e identificar características associadas a esse desfecho.  Métodos Estudo retrospectivo, baseado na revisão de prontuários de pacientes acompanhados no ambulatório de asma grave da Policlínica Piquet Carneiro (UERJ). Foram incluídos todos os pacientes que iniciaram o uso de biológicos há mais de 12 meses e que estejam com o tratamento ininterrupto por pelo menos 6 meses. A remissão foi definida como: ausência de exacerbações, ausência de sintomas significativos (asma classificada como “controlada” pelas quatro perguntas do GINA), função pulmonar estável ou normalizada (VEF1 ≥ 80% ou variação < 10% em relação ao basal) e ausência de uso contínuo de corticoide sistêmico, mantidos por um período mínimo de 6 meses. Foram realizadas análises univariadas para comparar características clínicas, funcionais e laboratoriais entre pacientes em remissão e aqueles que não atingiram esse desfecho. Resultados Foram incluídos 37 pacientes, dos quais 64,9% eram mulheres, com idade média de 55 ± 13 anos. Os biológicos utilizados foram mepolizumabe (62,2%), omalizumabe (29,7%) e dupilumabe (8,1%). A taxa global de remissão foi de 32,4% (IC95% 19,6–48,5), variando conforme o biológico: dupilumabe 66,7% (IC95% 12,5–94,5), omalizumabe 36,4% (IC95% 17,2–61,3) e mepolizumabe 26,1% (IC95% 12,5–45,0). Na análise univariada, pacientes em remissão apresentaram maior VEF1 basal (71% vs. 53%; p=0,042) e eram menos frequentemente do sexo feminino (50% vs. 88%; p=0,036). Doença pulmonar estrutural foi observada apenas entre aqueles que não atingiram remissão (0% vs. 28%; p=0,072). Polipose nasal mostrou-se mais prevalente no grupo em remissão (63,6% vs. 28,6%; p=0,123), enquanto DRGE foi mais comum nos não remissão (67% vs. 42%; p=0,275). Idade, IMC e eosinófilos antes do início do biológico não apresentaram associação significativa.  Conclusão A taxa de remissão observada foi semelhante à descrita em coortes internacionais, reforçando que esse desfecho pode ser alcançado na prática clínica. A remissão foi mais frequente em homens e em pacientes com melhor função pulmonar basal. Observou-se ainda maior tendência de remissão na ausência de doença pulmonar estrutural e na presença de polipose nasal, em concordância com a literatura. Em contraste, não identificamos associação entre IMC e remissão, diferindo de estudos que apontam menor chance de resposta em indivíduos obesos. A DRGE foi mais prevalente entre pacientes que não atingiram remissão, sugerindo possível impacto negativo ainda pouco explorado. Esses achados indicam que características clínicas e funcionais podem influenciar a resposta ao tratamento biológico, devendo ser confirmados em estudos prospectivos maiores.

Published

2025-11-12

How to Cite

Ribeiro Borges, J., Polisseni Graça, N., Prudente Bartholo, T., Vieira Ferreira da Silva, R., Rangel Antunes da Silva, B., Chauvet Coelho, P. R., … Teotônio de Araújo Cartaxo Queiroga, D. (2025). REMISSÃO CLÍNICA EM PACIENTES COM ASMA GRAVE EM USO DE BIOLÓGICOS: EXPERIÊNCIA DE VIDA REAL EM CENTRO DE REFERÊNCIA. Revista Pulmão, 33(3), 1–2. Retrieved from https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/47

Issue

Section

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025