ABORDAGEM INTEGRADA DE CUIDADOS PALIATIVOS EM DOENÇAS PULMONARES INTERSTICIAIS
EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES ATUAIS
Keywords:
pneumopatias intersticiais, cuidados paliativos precoce, equipe multidisciplinar, reabilitação pulmonar, qualidade de vidaAbstract
As doenças pulmonares intersticiais (DPI), especialmente as formas fibrosantes progressivas, têm curso crônico, declínio funcional e elevada carga sintomática (dispnéia, tosse, fadiga, ansiedade), o que justifica a integração precoce de cuidados paliativos em paralelo ao tratamento modificador da doença (RAGHU et al., 2022; JANSSEN et al., 2023). Evidências e diretrizes recentes apontam que a introdução estruturada de práticas paliativas - controle de sintomas, reabilitação, planejamento antecipado de cuidados e suporte psicossocial - melhora qualidade de vida, reduz internações não planejadas e alinha o cuidado às preferências do paciente e família (JANSSEN et al., 2023; KALLURI et al., 2019). Em pacientes com fibrose pulmonar progressiva (FPP), recomenda-se abordagem holística e avaliação seriada da trajetória da doença, integrando equipe multiprofissional (pneumologia, fisioterapia, enfermagem especializada, psicologia e serviço social), com encaminhamento oportuno para cuidados paliativos e discussão de diretivas antecipadas (COTTIN et al., 2023; RAGHU et al., 2022). Diretrizes de manejo de FPI também destacam a necessidade de cuidados de suporte (oxigenoterapia, reabilitação, avaliação para transplante quando elegível) e planejamento do fim de vida, conforme evolução clínica (NICE, 2013/2024; RAGHU et al., 2022). Na prática, a integração paliativa deve ocorrer desde o diagnóstico de doenças com prognóstico reservado ou quando surgirem necessidades específicas (por exemplo, dispnéia refratária, crises de ansiedade, insegurança decisional, sobrecarga do cuidador) - e, não apenas no fim de vida (JANSSEN et al., 2023). Revisões recentes reforçam o papel de intervenções não farmacológicas (reabilitação, técnicas de manejo da dispnéia, educação em autocuidado, telemonitoramento, suporte ao cuidador) como pilares do cuidado paliativo em DPI (CHEST, 2024; KALLURI et al., 2019). Relatos de implementação sugerem ainda impacto positivo em desfechos após difusão de diretrizes, com aumento de encaminhamentos e cuidados centrados no paciente (ANNALSATS, 2025). Os cuidados paliativos em DPI representam uma necessidade médica não atendida, com evidências crescentes de benefícios quando implementados. A correlação é robusta: as doenças pulmonares intersticiais apresentam alta carga de sintomas e imprevisibilidade evolutiva, o que reforça a necessidade de cuidados paliativos precoces, contínuos e integrados ao tratamento específico, com foco em qualidade de vida, alívio de sofrimento e alinhamento de metas (RAGHU et al., 2022; JANSSEN et al., 2023; COTTIN et al., 2023).


