HIPERTENSÃO PULMONAR ASSOCIADA AO USO DE GOLIMUMABE

Autores

  • Helena Giovanoni da Silva IDOMED
  • Thatiana de Cicco Abelha Hospital Andarai

Palavras-chave:

Espondilite anquilosante, Hipertensão pulmonar, Golimumabe

Resumo

Espondilite anquilosante (EA) é uma artrite inflamatória de etiologia desconhecida que afeta a coluna espinhal e articulação sacro-ilíaca levando a uma lombalgia crônica e anquilose de vértebras e articulações. Pode estar associada a outras sinovites, sintomas extra-articulares, comorbidades cardiovasculares (arritmias, aortite) e pulmonares (anormalidades intersticiais, nodulares e parenquimatosas). Atualmente o principal tratamento da EA são os bloqueadores do fator de necrose tumoral alfa (Anti TNF-alfa), como o Golimumabe, um novo anticorpo monoclonal com excelente resposta na lombalgia inflamatória. Os principais efeitos colaterais que podem surgir com o uso do Golimumabe consistem em neutropenia, infecções, doença dismielinizante, hipertensão arterial sistêmica, aumento de transaminases, astenia, doenças pisquiátricas, indução da auto-imunidade, reações cutâneas e lesões pulmonares como doença granulomatosa, fibrose pulmonar e doença intersticial.  Descrevemos o caso de uma paciente de 56 anos, sexo feminino, portadora de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2 e espondilite anquilosante em uso de Golimumabe 50mg/mês há cerca de 1 ano, quando procurou atendimento ambulatorial na pneumologia por queixa de tosse persistente, dispneia progresiva e adinamia. Tomografia de torax normal, porém ecocardiograma com leve aumento da pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP). Foi investigada com angiotomografia de torax sem falhas de enchimento e marcadores reumáticos negativos. Evoluiu, após 10 meses de acompanhamento, com taquidispnéia em repouso, náuseas e aumento de transaminases. Durante internação para investigação, novo ecocardiograma mostrava piora significativa da pressão sistólica da artéria pulmonar com sinais de hipertensão pulmonar grave e disfunção grave do ventrículo direito. Iniciou febre alta (39o C), ortopnéia, sibilos, anasarca e dificuldade visual.  Foi confirmada toxoplasmose disseminada com descompensação cardíaca e cor pulmonale. Foi iniciado tratamento antibiótico e suspenso o anti TNF-alfa durante todo o período de 2 meses de tratamento com resolução dos sintomas e melhora do ecocardiograma significativa. Após o período de tratamento da toxoplasmose, a reumatologia optou pelo retorno do uso de Golimumabe, porém pouco mais de um mês após o uso, a paciente retornou com queixa de dispneia aos esforços progressiva, tosse seca, adinamia e edema de membros inferiores. Novo ecocardiograma novamente identifica aumento da PSAP, sendo suspenso novamente o medicamento. Após um mês e meio da retirada do Golimumabe, paciente apresenta melhora da dispenia e ecocardiograma com queda da PSAP.  O caso ilustra uma paciente que após o uso de Golimumabe por cerca de 1 ano, apresenta sinais e sintomas de Hipertensão Pulmonar, porém com a suspensão do imunobiológico por motivo de infecção houve resolução dos sintomas e normalização do ecocardiograma. Ao retornar o Golimumabe para tratamento da doença de base (espondilite anquilosante) a paciente volta a apresentar os sintomas de descompensação e aumento da PSAP, sendo excluída outras causas. Assim levantou-se a hipótese da hipertensão pulmonar associada ao uso do Golimumabe.

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Publicado

2025-11-12

Como Citar

Giovanoni da Silva, H., & de Cicco Abelha, T. (2025). HIPERTENSÃO PULMONAR ASSOCIADA AO USO DE GOLIMUMABE. Revista Pulmão, 33(3), 1. Recuperado de https://revistapulmaorj.sopterj.com.br/index.php/ojs/article/view/115

Edição

Seção

Suplementos PNEUMO-IN-RIO 2025